Hístoria e Geografia
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O concelho da Madalena é um dos três em que está administrativamente dividida a Ilha do Pico.
O Pico é a segunda maior ilha da Região Autónoma dos Açores, sendo a maior do grupo Central do arquipélago, formado por nove ilhas situadas em pleno coração do Oceano Atlântico, entre a Europa e a América do Norte (a 760 milhas marítimas de Lisboa e a 2110 de Nova Iorque).
O seu nome tem origem na imponente montanha (o terceiro maior vulcão do Atlântico), que termina num pico cónico, denominado “Pico Pequeno” ou “Piquinho”, o ponto mais alto de Portugal (2351 metros acima do nível do mar).
Raul Brandão, vulto enorme das nossas letras descreve-o admiravelmente e de um modo inigualável:
“O Pico é a mais bela, a mais extraordinária ilha dos Açores, duma beleza que só a ela lhe pertence, duma cor admirável e com um estranho poder de atracção. É mais que uma ilha – é uma estátua erguida até ao céu e moldada pelo fogo – , é outro Adamastor como o do cabo das Tormentas”.
RAUL BRANDÃO, “As Ilhas Desconhecidas” (1926)
O concelho da Madalena, situado no extremo ocidental da ilha do Pico, abrange uma área aproximada de 149,1 quilómetros quadrados, distribuída pelas seis freguesias que o constituem: Bandeiras, Madalena, Criação Velha, Candelária, São Mateus e São Caetano.
A Madalena, pela sua posição geográfica frente ao Faial e à cidade da Horta, distando desta cerca de 7,5 Km, é o eixo principal das comunicações da ilha, posição que a torna uma privilegiada porta de entrada para apreciar tudo o que se oferece a quem nos visita.
Verdadeiros “ex-libris”, fronteiros à vila, estão os curiosos ilhéus Deitado e em Pé, onde nidificam aves marinhas. Estes apresentam-se fortemente degradados pela acção erosiva marinha, constituindo os resquícios de um cone vulcânico associado a erupções submarinas.
Dadas as suas características geológicas e a natureza vulcânica dos seus solos, a economia deste concelho assenta essencialmente na agricultura, na pecuária e na pesca. No entanto, perante os novos desafios impostos pela sociedade moderna, outras actividades se desenvolveram, contribuindo fortemente para a economia do concelho da Madalena, designadamente nas áreas do comércio, turismo e serviços.
A base da sua agricultura é composta por campos de frutos e de vinhas, sem paralelo noutras regiões do país e do mundo. O conjunto de “currais” e “canadas” em que são divididos os terrenos de cultivo da vinha é uma organização no espaço feita através de um retículo de muros negros, integrando protecções paralelas de paredes singelas ou dobradas em pedra, e constituindo particular e peculiar paisagem, considerada, em meados de 2004, “Património da Humanidade” pela UNESCO.
Nas cotas acima da área ocupada com a cultura da vinha, surgiam outras produções agrícolas, onde o solo se apresentava muito pedregoso. Ao proceder-se à sua limpeza para o cultivo, e na sequência da remoção das pedras soltas de pequenas dimensões, não podendo ser arrumadas em muros de delimitação por serem excessivas, apareceram, desta forma, os “maroiços”. A pedra era disposta em camadas , formando degraus, que, funcionando como rampas, permitiam o carregamento da pedra para níveis sucessivamente superiores .
Estes “maroiços”, arquitectonicamente construídos de formas grosseiramente cónicas, piramidais ou alongadas, aparecem dispersos na paisagem, mas sempre com uma presença forte e marcante.
O Museu do Vinho, estrutura integrante do Museu Regional do Pico, é polo de divulgação cultural e local privilegiado, ocupando uma considerável área contínua e constituindo uma parcela da enorme propriedade pertencente à ordem religiosa do Carmo, que inclui a sua residência de apoio e as instalações onde se processavam as tarefas da vinificação.
Com efeito, foram os Jesuítas e os Carmelitas que trouxeram e criaram condições favoráveis ao desenvolvimento dos bacelos, aperfeiçoando a fórmula de mistura das diversas castas responsáveis pelo néctar generoso, conhecido através dos tempos por ” verdelho” por ser essa a base do seu fabrico.
Destaca-se, no espaço envolvente do Museu do Vinho, o mais importante conjunto de dragoeiros que se conhece no mundo, sendo que essa majestosa árvore ornamental, de diversas aplicações práticas, é uma espécie em vias de desaparecimento e que aqui encontrou um microclima especial e altamente propício à sua multiplicação expontânea.
Por todo o concelho aparecem três tipos edifícios de apoio à actividade vitivinícola: adegas, armazéns e lagares – todos eles construções simples com os mesmos materiais (pedra de basalto, madeira e cobertura de telha de canudo).
Ainda se encontram em todas as freguesias alguns poços de maré que constituíam estruturas fundamentais para o abastecimento de água às explorações. Normalmente em forma rectangular, protegidos no nível superior por pedras aparelhadas que se interligam por encaixe.
Ao lado da riqueza da produção vínica, a inaptidão de muitos dos solos da área do concelho apenas admite a exploração de madeira e corte de lenha. Porém na labuta imensa e árduo trabalho de desbravamento de terras com modernas máquinas, hoje, existem parcelas de terreno de pastagem onde se cria o gado bovino, base de sustento de muitas famílias do concelho, quer da venda da carne, quer do leite, sendo que surgiram pequenas unidades familiares de produção, onde se fabrica o típico e saboroso queijo da ilha do Pico.
A dureza e a pouca produtividade da terra suscitou a atracção do povo ilhéu pelo mar que emoldura e singulariza o seu quotidiano, levando a que a exploração marítima adquirisse um pendor de indispensável complemento de sobrevivência, também para os madalenenses, seja no desenvolvimento dos transportes marítimos, seja na vertente das pescas.
A beleza natural, o ambiente calmo, o exotismo e a autenticidade da nossa terra potenciaram as actividades do turismo como sendo o sector que mais se tem desenvolvido nos últimos tempos, motivando o aparecimento de novos hotéis, restaurantes, discotecas e bares, e, consequentemente, o incremento de novos projectos e serviços no âmbito do ecoturismo, turismo rural e náutico. Nesta vertente merecem destaque os passeios de barco, a observação de cetáceos e o mergulho, todas elas, também, actividades responsáveis pelo crescimento económico progressivo do concelho.
A criação do concelho da Madalena coincide com o desenvolvimento da viticultura e com a produção muito abundante de vinho.
Assim, no primeiro quartel de setecentos, resultando da revolução da vinha que motiva riqueza, aumento populacional e desejo de emancipação destas gentes, é criado o município madalenense por carta régia de D. João V, no dia 8 de Março de 1723, com a elevação da freguesia da Madalena a vila e sede de concelho, dando origem ao mais jovem concelho da ilha do Pico.